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Caça aos arquivos

 O homem entregou a criança para a mulher ao seu lado e depois abraçou os dois. 

 

— Desculpa por ter falado demais, me arrependo por isso, mas não vou deixar que eles descubram a verdade. Mesmo se eu morrer. — falou antes de ouvir as batidas na porta.  — Se quiser sobreviver junto da criança, fuja para bem longe daqui, agora! 


“Sempre a mesma cena. Nunca lembro do ocorrido depois disso no sonho, mas sempre vejo e escuto essa parte”, pensou enquanto se vestia. “Melhor nem pensar nisso agora, tenho uma entrevista importante.”


{...}



— Agora quero saber, você vai continuar as pesquisas do seu pai, certo? — indagou o entrevistador, fazendo uma cara perturbadora. — Ele tinha uma ótima pesquisa sobre as antigas civilizações e umas outras que ninguém acreditava ser verdade, acho que deve ter contado para você, não?

   

— Sim, meu intuito é seguir adiante as pesquisas que meu pai começou, mesmo tendo tão pouco conhecimento do que ele pesquisava, mas com a minha experiência sei que vou conseguir.


— Ótimo. Tudo que você conseguir do que ele pesquisou, traga diretamente para mim — falou o homem enquanto dava um tapa na mesa de forma exagerada. — Quero ver o que Luca tanto escondia. 


Mesmo estranhando o jeito do homem, Andy despediu-se e foi em direção ao seu carro. Enquanto estava na estrada, pensou: 


“Agora sim poderei seguir os passos dele.”


Após conseguir assumir as pesquisas arqueológicas que seu pai era o responsável no Sítio arqueológico de Copán, Andy voltou para casa, com a animação de contar para sua mãe sobre o grande feito.


Chegou em casa depois de quase duas horas de carro e encontrou sua mãe na cozinha, ela estava preparando o jantar. O garoto colocou a chave de casa no balcão e então foi cumprimentá-la.


— Consegui, mãe! — Dissera, sem conter sua felicidade. — Consegui o trabalho.


Nery sofreu um susto ao ouvir seu filho de repente. 


— Que ótimo filho, vai realmente trabalhar nas pesquisas da Universidade? Lembro que estava animado para continuá-las.


— Na verdade mãe, vou começar a trabalhar onde o pai trabalhava. — O rapaz abriu um sorriso ao falar.


Sua mãe ficou paralisada ao ouvir aquilo, soltou a faca que usava para cortar a carne e se virou, olhando para seu filho em seguida.


— Andy, acho que não entendi o que você disse. — A mulher se aproximou dele. — O que você acabou de dizer?


Andy ficou surpreso pela reação da sua mãe e pensou:


“Tem algo errado, será se fiz uma boa escolha? Por que minha mãe está agindo estranho?”.


— Eu… disse que vou trabalhar onde o pai trabalhou — falou enquanto fechava os olhos para não ver o rosto da sua mãe. — Tem algo de errado nisso? 


Nery voltou seu olhar para o chão, ouvindo seu filho repetir o que ele tinha dito antes. Respirou fundo e soltou o ar de forma lenta, comentando:


— Só espero que não esteja pensando em ir atrás do que seu pai tentou descobrir. Filho… Me diga, você não vai retomar as pesquisas dele, vai? 


Dessa vez Andy que gelou ao ouvir sua mãe. Não queria dizer que sim, mas também não queria mentir para ela. Então ele preferiu dizer a verdade.


— Fiz algo errado? 


Ela ignorou a pergunta e o questionou:


— Eles disseram algo? Querem que você faça o que exatamente?


— Eh, sim. Vou tentar retomar as pesquisas do pai. — Ele se encolhe enquanto responde. — Pediram para que eu continuasse e entregasse o que já tem aqui. 


Depois de escutar aquilo, Nery andou para perto do filho e com uma expressão séria no rosto, pensando:


"Merda. Aqueles cretinos pensam que vou deixar?" Saiu da cozinha e fez sinal para que o rapaz a seguisse. 


— Sabe que seu pai desapareceu quando você era pequeno… — falou enquanto passava para o corredor de acesso à sala. — Bom, acho que está na hora de começar a te contar algumas coisas.


Chegou no cômodo que continha apenas um sofá de três lugares, mesa de centro, abajur, televisão de 50 polegadas, algumas colunas de gesso e vasos com flores. Nery sentou-se no sofá e fez sinal de que Andy fizesse o mesmo. Ela virou-se para o filho, pensando por onde iria começar a falar.


— Perry descobriu algumas informações sim com as pesquisas arqueológicas, mas tenho quase certeza que não podemos falar disso aqui. — A mulher olhou para a janela. — Acho melhor irmos a um certo lugar. Temo que eles já tenham mandado alguém seguir você. 


Olhou incrédulo para sua mãe e perguntou:


— É sério isso?


— Por que eu brincaria? Troque sua roupa por outra e deixe o celular.


Andy ficou sem entender o mistério que sua mãe estava fazendo, mas vendo que a matriarca estava séria, preferiu não falar nada e obedecer. Deixou o celular em cima da mesa da sala e foi trocar a roupa como foi dito. Depois disso foi atrás de sua mãe. 


Nery tinha andado tão rápido que estava dentro do seu Hyundai i10 preto. Após adentrar no carro, o rapaz não sabia como perguntar o que estava acontecendo para sua mãe estar reagindo assim. No entanto, preferiu tentar arriscar e perguntou:


— Estamos indo aonde?


— Melhor que você não saiba por enquanto. 


— Não estamos em um filme, então por que a senhora está agindo assim tão estranho?


— Você não viu nada e já está dizendo isso. — Ela mexeu a cabeça em negação enquanto ainda olhava para a estrada. — Podemos não estar em um filme, mas o que você... depois eu conto.


Quando seu caminho tornou-se mais distante da saída de El Limón, onde residiam, Andy entendeu que sua viagem seria longa.

{...}


Depois do percurso que durou mais de três horas no carro, chegaram ao centro de El Zapotal del Norte. O rapaz saiu do carro para se esticar, visualizando onde estavam e teve uma sensação de nostalgia ao olhar para casa que estava a sua frente. 


O celular de Nery começou a tocar e ela só desligou sem olhar.


— Eu deixei meu celular em casa e você trouxe o seu.


— Eles poderiam estar rastreando seu celular.


" Por que acho tão familiar assim?", pensou enquanto via sua mãe pegando algo de sua bolsa. " Ela pirou de vez? Minha mãe ficou biruta."


— Por que tenho quase certeza que já estive aqui? — Se virou para sua mãe. — Tem algo aqui? Tem a ver com meu pai? Por que disso tudo por causa de uma pesquisa arqueológica?


— Vamos entrar.


Foram em direção a casa e assim que Nery começou a abrir a porta, seu celular começou a tocar e quem ligava era Mei, a vizinha. Atendeu porque a outra só ligava quando era algo importante.


— Espero que seja urgente.


— Nery, eu estava colocando o lixo para fora...


— É sério? Você ligou para dizer isso? — Nery se irritou ao ouvir a amiga. 


— Deixa eu terminar de falar, sua idiota. — Mei já estava irritada. — Vi que saiu com Andy e é melhor nem voltar.


Andy ouviu, estava assustado e irritado, queria pegar o celular e falar algo. Mei não era o tipo de pessoa que falaria isso. Sua mãe expressava estar da mesma forma.


— Os desgraçados acharam a casa. 


— Exato. Assim que vocês saíram,eles chegaram aqui. 


— Entraram na minha casa? 


— Sim, acho que mexeram em tudo.


“ O que está acontecendo?”, pensou Andy entrando dentro de casa. E ouviu:

   

— Por aqui. — Direcionou Nery. — O que vou contar não pode sair daqui. 

   

Quando seguiu sua mãe, viu uma porta abaixo da escada. A mais velha abriu a porta e adentrou, ligando a luz. Andy entrou ali e viu um tipo de passagem anormal, ela brilhava. A reação do menino foi de esticar o braço e tentou pegar no brilho, mas foi parado por sua mãe.


—  Se não sabe o que é, melhor nem mexer. — Nery alertou. 


— Ia contar sobre meu pai e sua pesquisa. — O menino continua seguindo pelo corredor esquisito. — E que pessoas estranhas são essas que estão nos seguindo?


Após o lugar ser iluminado, Andy percebera que estavam em uma espécie de porão. Mas estava arrumado e cheio de livros. Artigos nas paredes, pedras em cima das mesas, fotos emolduradas, ou seja, isso era as pesquisas que todos conheciam do seu pai, das suas descobertas arqueológicas. Essas eram as culpadas do menino querer seguir os passos de Perry.


— Os homens que foram atrás de nós, querem o lugar da pesquisa. — Ela falava enquanto procurava algo em prateleiras. — Perry acabou falando demais na época e levou um objeto, um ovo para Copan. Isso foi um erro da parte dele.


“Um ovo? É sério? Esse mistério todo por causa de um ovo?”, pensou enquanto olhava os cadernos dali.


— Meu pai achou o pé de feijão e pegou os ovos de ouro? — Andy começou a rir da besteira que falou. —Oh meu deus! Ele achou um ovo!


Nery olhou para o filho e ignorou a piada.


— Espero que esteja se divertindo. 


Ele viu um caderno que chamou sua atenção, parecia mais um diário e pegou para ler.


Este livro é para meu filho Andy García. Se você está lendo isso, já não estou perto de você e de sua mãe. Pois bem, esse livro é uma das minhas descobertas mais importantes. Cometi um grande erro mostrando a existência deste.

Antes de tudo, se está lendo isso é porque o que eu mais temia... aconteceu. Eles acharam você e sua mãe. Não importa o que aconteça, escute o que Nery tem a dizer, ela melhor do que ninguém sabe o que fazer para te ajudar a fugir. 

Sobre meus arquivos secretos, eles não estão no porão da nossa antiga casa, e aqui você terá que seguir um passo a passo para achar esses arquivos. Desculpa por isso, mas aqueles caras não podem pôr a mão nesses arquivos, então lá vai a primeira pista. 


1 - achar como faz a porção que habilita a pessoa "mundana" a enxergar.

Sobre a porção, você pode perguntar para sua mãe, ela sabe sobre isso.


“Esses dois estão de sacanagem com a minha cara, só pode”, pensou enquanto lia.


Não adianta pensar que estamos brincando. Isso não é um sonho, se te acharem, temo que tenha o mesmo fim que o meu.


“Nem a pau que ele sabia o que eu pensaria”


— Então você achou a primeira pista. — Sua mãe olhava para o caderno em sua mão. — Sim, ele sabia que você pensaria que estávamos te sacaneando. Aqui você vai ver algumas coisas da pesquisa.  


— Mãe, ele falou algo sobre uma porção…


Ela pegou um copo com um líquido de cor estranha e de odor repulsivo.


— É, você tem certeza que não está querendo me sacanear? — Levou um tapa como resposta. — O que é isso? E por que ele fala mundanos?


Entregando o copo para Andy que fazia careta ao ver aquilo, ela respondeu:


— Não, ele não achou a galinha dos ovos de ouro, mas se for no sentido figurado, sim ele achou. Literalmente ele entregou um ovo que comprova a vida de seres místicos ou sei lá o nome que dão hoje em dia. 


— Você está bem?


— Super bem, agora beba. Vou terminar de responder suas perguntas. — Entregou o copo para Andy.


Começou a beber, sentindo seu estomago embrulhar com o gosto em sua boca, percebendo a feição de raiva de sua mãe.


— Essa organização não faz só pesquisas arqueológicas, eles pegam as descobertas para ganhar mais dinheiro. O ovo que seu pai encontrou é nada mais nada menos que de um grifo. 


“Ah tá, até parece que meu pai achou um ovo de um ser mitológico, nem ferrando.”


— Eles ficaram interessados pelos ovos e pela pesquisa. Imagina ter filhotes desses animais para tirar a pele ou outros maus tratos?


— Você não está falando sério, está? 


— Beba, depois você me diz se é verdade ou não. 


Ao beber aquele líquido nojento, ele sentiu uma forte tontura e caiu no chão. 


— Desculpa querido, mas só assim para você deixar de ser mundano. 


{...}

 Sentindo uma forte dor de cabeça, Andy acordou  e percebeu algumas coisas voando perto de si, uns seres minúsculos que tinha asas tão rápidas quanto a de um beija-flor, ele estava vendo fadas.


“Agora virei o Peter Pan… estou vendo pequenos seres com asas... ”, pensou enquanto mexia nos olhos pensando que estava tendo alucinação.


— Mãe! Fiquei louco de vez! — gritou. — Que porra de suco batizado era aquele que a senhora me deu?


— Deixa de ser idiota, eu não faria isso com você! Leia a outra parte do livro. 


Obedecendo à sua mãe, pegou o livro e continuou a leitura de onde tinha parado.


“Se já tomou a poção e está vendo seres pequeninos, meus parabéns, porque agora consegue ver as fadas, você não é um mundano. Agora consegue enxergar todos os seres. Até mesmo sua mãe estará diferente e com marcas.”


Olhou para sua mãe e viu que até ela estava realmente como tinha lido, as partes expostas de seu corpo possuíam manchas nada costumeiras. 


“Olhe para seus braços e você também vai ver as suas. E você sabe porquê quando o ovo chocou, ninguém viu nada? Porque eles não têm a mesma habilidade”


Seguiu o que estava escrito e levantou-se, indo em direção ao espelho. Observara que as marcas na epiderme de sua mãe, também continham nele. Olhou mais uma vez para o livro e leu: 


“Sim, boa sorte com a caça aos arquivos perdidos.”


— Olha no quintal. 


O rapaz abriu a janela, deparando-se com um cenário imaginável. Um grifo alimentando-se de carne? Um lindo híbrido metade águia e metade leão sendo atormentado pelas fadas? Era como seus sonhos de criança tornando-se realidade. Essa situação mexeu com Andy a ponto do garoto ter uma vertigem e desmaiar, mais uma vez.


     — Meu povo depende do meu filho pra viver? Por Deus, estamos ferrado.



{…}



    Nery colocou a mão no rosto como sinal de frustração e andou até seu filho. Vendo que não conseguiria levá-lo para a cama sozinha, abriu a janela e assoviou. O grifo e as fadas olharam em direção a janela, mas quem estava atendendo o chamado eram os sátiros, os seres metade homem e metade bode que viviam no bosque ali perto. 


— Nos chamou, senhora? — falou o que apareceu primeiro. — Precisa da nossa ajuda?


A mãe do rapaz só mexeu a cabeça em confirmação. Os quatro sátiros logo chegaram no quarto e viram o menino no chão, olhando novamente para a mulher e um deles perguntou: 


— Matou ele e quer que a gente limpe a cena do crime? 


“Se um dia já disseram que eles eram inteligentes para treinar os semideuses, estão totalmente errados. Sátiros conseguem ser bem lerdos”, pensou Nery, olhando-os e depois falou: — Vocês estão loucos? Qual tipo de mãe vocês acham que sou? 


— Sim, Davi. Esse é Andy. Meu filho e herdeiro. 


Naquele mesmo momento, os quatro abaixaram-se em um tipo de reverência. Assim que Nery fez sinal para se levantarem, uma figura bem alta apareceu e entrou às pressas no local fazendo uma rápida reverência.


“Pelo visto estou em apuros”, pensou ao ver a elfa Calen no quarto. 


— Senhora, má notícia. — A elfa passou pelos sátiros. — Depois de falar com a senhora  no celular, ontem, os homens que foram na casa de vocês mudaram o caminho e vieram pra cá. Já vimos alguns carros perto da casa e já tomamos algumas providência.


Calen não precisou dizer o resto, Nery entendeu onde a elfa queria chegar e comunicou: 


— Temos que sair daqui…


Um dos sátiros olhou e apontou para si e levou um tapa na cabeça. 


— Nós não, sua besta. A senhora e seu filho…


— Ora seu… — O sátiro que levou o tapa, avançou. 


    — Não é o melhor momento para uma briga... — A elfa se meteu na discussão dos dois. 


    Nery tinha conhecimento medicinal e alquímico. Apesar de não ter muitos poderes, ela tinha um incomum e muito útil nesses momentos, envolvendo ondas sonoras. Assoviou mais uma vez naquela manhã e fez com que todos ali, inclusive as fadas, tivessem dores nos ouvidos. 


Depois que todos ficaram quietos, ela começou a dizer:


— A primeira coisa a ser feita é acordar Andy. Sátiros, ajudem a sentá-lo na cama. — Direcionou seu olhar para eles e depois para a elfa. — Ele ainda tá com o efeito da porção. Calen, pode acordá-lo?


A garota olhou para a senhora, seguindo em direção ao rapaz e questionou:


— Como ele não acordou com o som? 


Calen encostou a palma da mão na testa do rapaz, enquanto os sátiros seguravam Andy. Um brilho verde se destacou no lugar, era a  magia élfica. Até as fadas estavam hipnotizadas com o brilho.


— Meus dons não afetam quem é igual a mim. — explicou Nery. 


    No momento seguinte o menino começou a abrir os olhos e ficou espantado com o ser que estava a sua frente. Era Calen a vizinha doida, mas estava diferente. Mais alta do que antes e até mesmo nas orelhas, pontudas. O garoto coçou os olhos, direcionou  novamente o olhar para a vizinha. Sua mãe apareceu ao lado da elfa e falou:


    — Tenho que te contar sobre a porção é o motivo de ter tomado ela.


    “Não é possível, tinha algo naquele suco horrível a qual tive de beber. Agora estou vendo a versão élfica da Calen”, pensou Andy e depois falou: — Por que a senhora e a Calen estão diferentes?

   

    — É disso que vou falar, você vai entender aos poucos — falou Nery. — No momento temos de fugir daqui. 


    A mais velha terminou de falar, os outros elfos que estavam fora da casa, entraram e informaram que os homens estavam chegando na casa e tinham de sair de imediato. Sendo assim, mal tendo se recuperado, Andy pegou o livro do seu pai e foi para perto do grifo a mando da mãe dele, subindo no mesmo enquanto pensava:


    “Desde ontem estamos fugindo, bebi um troço esquisito, fiquei lendo dica de um livro supostamente feito pelo meu pai e que parece conto de fada… irônico, estou vendo fadas” 




{...}




    Saíram de El zapotal del Norte e foram em direção para Tikal, na Guatemala. Quando chegaram lá, foram em direção ao quarto templo de Tikal e só escutaram turistas falando, o que deu um medo em Andy por causa das runas nele e sua mãe, dos elfos, grifo e os cavalos alados. 


    Um segurança do local olhou como se fosse para o lado deles e o garoto ficou petrificado.  

Após o homem deixar o local como se não tivesse enxergado nada, Andy conseguiu respirar novamente. 


Olhou para sua mãe e sussurrou:


    — Ele não nos viu aqui com eles todos? 


— Ah, tenho que te contar. Não somos humanos considerados normais — falou Nery olhando para seu filho. — Nosso povo consegue ver as criaturas que só existem em lendas e livros, tipo as fadas, dragões, centauros, ninfas...


O rapaz olhou para Calen, a vizinha e o marido dela, Rohan. O elfo percebeu a encarada e falou:


— Sei que é difícil acreditar em tudo isso, mas o que sua mãe disse é a verdade. 


— Eles não conseguem nos enxergar quando estamos em contato com os seres místicos. — Calen continuou a explicação de Nery. — Mesmo se conseguissem ver, estaríamos do mesmo jeito que você lembra da gente, da forma "humana" e eles estariam invisíveis.


Andy mostrou uma expressão confusa e sua mãe só apontou para o livro em suas mãos. Abriu o livro e em seguida, ele leu:


"Se está lendo essa parte, a porção deu certo, parabéns.  Mas você não pode dizer sobre a existência dos seres a outras pessoas. Eles fazem esse mundo funcionar em seu equilíbrio. E outra coisa, no momento você está perto deles, então também fica invisível e mudo para os mundanos."


— Como ele…


Rohan colocou a mão no ombro do menino e apontou para a floresta. Ali tinha fadas, fênix, goblins e até centauros que olhavam curiosos para eles, até porque era raro ver pessoas que nem Andy andando por ali. 


— E por qual motivo o resto do mundo não faz ideia da verdade? — Andou um pouco em direção a floresta. — Isso seria a descoberta do século. Imagina as notícias, o filho do Perry García descobriu e comprovou a existência de seres considerados mitológicos. 


Rohan olhou com reprovação para o rapaz.


— Desde o seu nascimento em 2012, seu pai vem guardando esse segredo. Acha mesmo que o certo é revelar ao mundo? — perguntou Rohan e depois continuou. — Todos esses seres são protegidos por pessoas iguais aos seus pais. Eu mataria você se fosse preciso para nos proteger. 


“2012… não foi o ano... sim! Pensaram no fim do mundo por causa do calendário Maia”, pensou Andy,voltando a ficar tenso com a presença do segurança, ele estava recebendo uma ligação e andou para o lado que estavam. Se afastou, o homem passou na sua frente e parou. 


— Você vai receber a foto de dois fugitivos, eles roubaram arquivos valiosos do Sítio arqueológico de Copán. Se ver eles por aí, prenda imediatamente. 


Nery agarrou o pulso de seu filho, andando em direção ao templo, mas não foi para entrada que dava acesso a ele, ela desviou o caminho para a lateral, dizendo para o menino:


— Leia o próximo passo. 


Andy pegou o livro e leu: 


“Já olhou para o céu depois de perder a visão mundana? Não? Então olhe. Mas ainda deve estar ainda impressionado com o grifo. Aliás, foi ele que nasceu daquele ovo.” 


Obedecendo ao que seu pai tinha dito no livro, ele olhou para o céu e viu dragões que sobrevoavam o templo. Andy bateu no braço do Rohan e apontou para onde olhava. 


— Sim, os dragões são os protetores do templo junto dos Centauros e goblins — respondeu Calen.


Nery parou em frente da parede e estendeu a mão na frente de uma runa na parede. Um brilho azul apareceu nas runas do braço dela e na parede. Abriu ali uma porta que antes não era existente. Antes de entrar, ela perguntou: 


— Já leu o segundo passo? 


O rapaz negou, observando a expressão da mulher mudar e receber o sermão.


— Nem isso você fez. 


Lendo as pressas as palavras do seu pai, descobriu o que tinha de fazer a seguir.


2 - Andy tem que ser aprovado para entrar na cidade subterrânea.  

Cuidado com a fala ao chegar na cidade subterrânea, então boa sorte ao chegar lá. Desculpa filho, mas isso é com eles. Se você responder alguma mentira, vai virar comida de cão infernal. Eles dariam certo como detectores de mentiras. 


    — Não minta de jeito nenhum. Sua vida já está correndo risco no mundo mundano, não queira ser seguido no mundo que é de sua verdadeira origem. — Rohan falou sério. — Eles não perdoam traidores e jogam para as sereias, se o cão não quiser. 


    “Se lembro das histórias sobre as mitologias que minha mãe contou, as duas opções são igualmente horríveis", pensou Andy enquanto tinha um calafrio e perguntou: — Por que estamos nesse templo?


    — Ele é a entrada do mundo subterrâneo — falou Nery. — E antes que pergunte, eles foram feitos pelos ciclopes. Vamos entrar. 


    Nery entrou no templo, deixando-os ali.  Andy tentou seguir, mas não conseguiu dar um passo à frente. Um ogro trazendo o cão infernal saiu da entrada e olhou para o rapaz.


    — Você só pode entrar se passar no teste — falou o ogro apontando para o garoto. — Mesmo sendo filho deles. Se ele rosnar para você, é morte. 


    Andy teve que ficar do lado do cão e um goblin saiu de dentro do templo e falou:


    — Vou fazer as perguntas, então responda.


    “Minha mãe está tentando me matar? Me deixou aqui e foi embora.”

   

    — Tudo que você ver agora e o que vai ver e ouvir lá dentro, não pode sair daqui. Você sabe disso, certo?
 

    O ser infernal olhou novamente para a cara dele e se aproximou da mão de Andy. 


    — Sim, estou consciente disso. 


    — Promete não contar para os mundanos? 


Dessa vez quem se aproximou do rapaz foi o goblin. O “monstro” levantou a mão apontando para o braço do menino.


— Sim, prometo. — Depois de ouvir isso, Andy sentiu um ardor no braço. — Urgh, porra. Isso queima.


O cão infernal saiu de perto e Rohan pegou no braço machucado do dramático para curá-lo.


“Tenho pena de quando ele for treinar”, pensou Rohan vendo o drama do garoto. — É só mais uma runa para você. Essa diz da promessa e que não pode quebrá-la, senão, é morte. Vamos?


Todos entraram no templo, era uma vista totalmente diferente do lado de fora. O menino abriu o livro e viu um tipo de mapa. Calen e Rohan tornaram-se guias de Andy, mostrando tudo que ele tinha de saber do local e as demais pessoas se afastaram quando eles passavam, fazendo referência.


Encontraram uma grande casa, entrando nessa e foram direto para uma sala que também era trancada por magia, mas Andy conseguiu abrir a porta. Quando abriu, viu sua mãe e um homem muito parecido com ele. A primeira frase que o homem falou foi:


— Terceiro passo: descobrir sobre os segredos da humanidade, meu filho. — Comentou o homem, abrindo um sorriso e indo abraçar seu filho.


— Pensei que estava morto esse tempo todo — Seus olhos lacrimejaram com a emoção de vê-lo mais uma vez. — Ou eu só não conseguia te ver?


Perry confirmou e depois falou: — Entre nessa sala e você vai ver os documentos de toda história da humanidade, até mesmo da existência de vocês, os maias. De todos os mistérios do mundo, de tudo que se possa imaginar e até mesmo do que você considerava impossível.  


Nery chegou ao lado do seu filho e disse: — Quarto passo: Se torne o próximo guardião desses segredos. 


Calen e Rohan fizeram reverência para Andy e falaram:


— O descendente direto dos maias voltou para casa. 


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